Agradeço a visita!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Sempre adorei fábulas e você?


Os dois viajantes.
Dois viajantes perderam-se no caminho, e depois de muito terem andado, chegaram a uma terra desconhecida. Os guardas da fronteira os prenderam e levaram à presença do rei. Guardas, rei, todos na terra eram macacos. O que vos parece de mim e do meu povo? perguntou-lhes o rei depois dos primeiros cortejos. — Senhor, disse um dos viajantes, facilmente se vê que sois o magnânimo rei de um povo generoso e ilustrado. O rei sorriu-se benigno. Senhor, disse o outro, basta ter olhos para ver que vosso povo se compõe de monos, e tudo, até esse feio rabo que ali se enrosca detrás de vosso trono, diz que também sois mono. Tanto bastou para que os guardas do rei caíssem sobre o indiscreto, e o esquartejassem; o outro foi muito agasalhado, e retirou-se cheio de presentes.
MORALIDADE: A verdade irrita os maus, a mentira é por eles bem acolhida.


As duas cadelas.

Sentindo-se na hora de parir, e não tendo onde acolher-se, pediu uma cadela à sua camarada que lhe emprestasse a sua cama. A outra, compadecida, atendeu-lhe, prometendo ela retirar-se logo que os filhinhos se pudessem arrastar. Chegou o dia da restituição, e não mostrando a hóspede muita vontade de cumprir o ajuste, pediu-lhe a compassiva o seu palheiro. A parida, porém, arreganhando os dentes: Retirar-me-ei, disse, se fores capaz de deitar-me fora a mim e aos meus. Tinha então consigo meia dúzia de cachorrinhos que já ladravam e sabiam morder.
MORALIDADE: Há assim muitos que, como a cadela mal agradecida, humildes imploram a caridade, e depois se levantam contra quem lhes valeu.


O homem e a víbora.
Em manhã de rigoroso inverno ia um pobre camponês para seu trabalho; viu uma víbora, tolhida de frio, que estava morrendo. O pobre na lição do sofrimento aprende a ser compassivo; condoído, o camponês não refletiu; tomou a víbora, agasalhou-a no seio. A malvada mal sentiu a benígna influência ao calor, cobrou forças, e com elas a natural perversidade, e com venenosa mordidela retribuiu ao imprudente o seu beneficio.
MORALIDADE: Manda a humanidade que socorramos ainda mesmo aos maus; cumpre porém ver que não seja dando-lhes meios de continuar as suas maldades.


 O leão e o burro.

Ia um burro ufano de si, pois o arrieiro lhe havia posto campainhas, cascavéis e penachos, e o coitado achava-se formosíssimo. Encontrou um leão: “Tira-te daqui, disse-lhe arrogante, não me embaraces o caminho”. 0 leão parou vendo tanto atrevimento, irresoluto se o devia castigar: por fim sorriu-se, e disse: “Não; carne tão vil desdouraria as minhas garras”. Riu-se outra vez e foi-se.
MORALIDADE: Há insolências que partem de tão baixo, e a tão alto se dirigem, que só o desprezo merecem.


O pavão e Juno.

Um formoso pavão excitava com a beleza das suas penas a curiosa atenção de alguns homens que o estavam admirando, e que lhe não poupavam gabos. Súbito ouviram estes o cantar de um rouxinol, e logo tudo esquecendo, procuram chegar-se para o lugar de onde partiam tão suaves melodias. Abandonado, o pavão encheu-se de raiva, e queixoso foi ter com Juno. Porque há de um passarinho, feio e sem graça, cantar melhor do que eu; porque me não deste a voz do rouxinol? perguntou. Não sejas ingrato, respondeu lhe Juno; cada animal tem suas prendas, nenhum tem tudo; à águia coube a força, ao rouxinol a voz, a ti essa plumagem recamada de estrelas e de esmeraldas; não és dos mais mal aquinhoados. — Sim; mas quisera cantar como o rouxinol, tornou o pavão.
MORALIDADE: Poucos se contentam com o que têm, todos invejam o alheio, e assim se fazem desgraçados.



Os pássaros e a andorinha.
Em um campo muito tempo abandonado, e que por isso tinha se coberto de plantas agrestes, de cujas sementes se alimentavam muitas famílias de pássaros, apareceram um dia alguns homens de enxada na mão, revolvendo a terra, e semeando tinhaça. Uma andorinha que muito tinha viajado, e portanto ganhado experiência, convocou em assembléia todo o povo de penas e disse: Não é de bom agouro o que esses homens estão fazendo; da semente que deitam na terra há de nascer linho; com ele farão cordéis, laços, redes. Enquanto, pois, é tempo, caiamos na sementeira, não deixemos que brote um só grão. Os passarinhos puseram-se a rir e a chasquear. A andorinha retirou-se triste, e a sementeira ficou salva. Mas daí a pouco, redes e laços multiplicaram-se, e a imprudente passarinhada deu boas ceias aos lavradores.
MORALIDADE: Não escarneças de quem te dá bons conselhos; quando não, algum dia no infortúnio dirás ah! se tivesse pensado!



A gralha e os pavões.
Estando na muda os pavões, uma gralha. seduzida pelo brilho das penas que deles caíam, apanhou-as e com elas se enfeitou. Desdenhando das irmãs, foi então meter-se em um bando de pavões. Estes, porém, logo a reconheceram, e às bicadas lhe arrancaram as penas que lhe não pertenciam; e com elas, pele e carne. Ensangüentada, voltou a coitada para suas irmãs, que só depois de muito a terem, chasqueado, perdoaram ao seu arrependimento.
MORALIDADE: Nunca por ostentação ou interesse dês o alheio por teu; pois a fraude é logo descoberta, e o castigo imediato.

Um comentário:

  1. Beijos

    saudações a ti e teu Sr.

    Sempre seremos apresendizes da vida.
    Nunca saberemos tudo.

    Que lição esse texto nos trás, né, menina?!

    bom final de semana

    yllenah SM

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...